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O Projeto “PESCARTE” centrou-se na investigação e desenvolvimento das técnicas artesanais associadas às atividades das comunidades piscatórias do concelho de Odemira: Vila Nova de Milfontes, Longueira Almograve, Entrada da Barca e Azenha do Mar estas duas últimas na freguesia de S. Teotónio, com o objetivo inovar através do design e do envolvimento responsável de pescadores e artesãos. Deste modo, pretende-se re-introduzir o artesanato local à própria comunidade e ao “mercado” com uma nova imagem e futura perspetiva comercial.
A conceção do projeto considerou a cultura tradicional local, concentrando-se nas técnicas, materiais, saberes e fazeres locais, e pretende promover interpretações contemporâneas dos mesmos, com o objetivo de potenciar sinergias entre a produção artesanal, as instituições e o setor comercial.
O objetivo geral do projeto é criar oportunidades de diversificação da atividade piscatória pela via da conceção de produtos inovadores e com interesse económico, com base nas atividades artesanais das comunidades piscatórias de Odemira.
Os objetivos específicos passaram por: desenvolver uma linha de produtos, com marca registada, de uso utilitário, decorativo e lúdico que seja inovadora em relação aos produtos atualmente produzidos localmente e desta forma apoiar iniciativas empresariais no setor do artesanato e promover os resultados obtidos a nível local e nacional.

COLEÇÃO

Saco de Nassas

O engenho está presente em tudo o que fazem os pescadores. Os materiais são recombinados de modo prático e imediato. Tudo se pode transformar noutra coisa. As redes plásticas dos covos usam-se para fazer sacas de transporte, quer para a pesca ou uso quotidiano.
Do mesmo modo se adapta este saco, nas suas funções, dimensões e na combinação de cores e materiais.

 

Produtor:
Manuel Inácio / pescador

Materiais:
rede plástica, fitas/braçadeiras plásticas e corda de nylon colorida

Bóias Engaiadas
Decorar o lar com ferramentas de trabalho não parece uma boa ideia, mas os pescadores apreciam a beleza das bóias e cordas velhas, e decoram com elas as suas casas e espaços de convívio.
Esse foi o mote para explorar as formas das bóias através da utilização do barro — que faz também a ligação à terra.
Sejam feitos na roda ou com molde, são depois “engaiados” com nós de pesca.

 

Produtores:
António Canelas/ pescador reformado
Ines Viana/ artesã
Paulo Silva / pescador
Rita Morais/ artesã

Materiais:
Barro+engobes +corda de nylon

Saco de Rede
É infinito o que se pode fazer com cordas e nós.

 

Produtores:
Maria Isabel Pereira / artesã
Zé do Forno/ pescador

Materiais:
corda de algodão e poliester

Saco Macramé
Os restos de redes, cordas e plásticos servem para serem recombinados em sacos multiusos que transportam todo o tipo de coisas. Estão pendurados atrás de portas, nos barcos, nas dispensas ou mesmo nas motas e bicicletas.
O saber dos pescadores antigos passa para os mais novos .
Cores e materiais atualizam-se.

 

Produtores:
Célia Teixeira/ artesã
Zé do Forno/ pescador

Materiais:
fio de poliester e algodão

Talheres
Nos portos de pesca o tempo do descanso é tempo convívio e de petisco. São esses costumes de convívio e partilha que é importante passar para as gerações mais novas.

 

Produtor:
António Reis / artesão

Materiais:
urze

Contentores
Todos os objetos podem ser recombinados e alterados para criar outros que respondam às necessidades do dia-a-dia.

 

Produtores:
António Reis / artesão
Januário/ pescador

Materiais:
contentores plásticos e corda de poliester

Gorros
As camisolas e os gorros de lã tricotados pelas mulheres aquecem os pescadores nas saídas ao mar. Estes novos gorros tomam as cores dos barcos e dos apetrechos de pesca.

 

Produtores:
Maria de Jesus / artesã
Maria Batista / artesã
Maria Manuela / artesã

Materiais:
lã de arraiolos

Vai e Vem
O lazer e o lúdico também estão presentes nas vidas das comunidades piscatórias.
Com imaginação os objetos do dia a dia transformam-se em brincadeiras.

 

Produtor:
Miguel Veiga/artesão

Materiais:
cordas de nylon e algodão + boias

Jogo da Nicha
O Jogo da Nicha é uma brincadeira de crianças que se fazia na Costa alentejana, entre a Zambujeira do Mar e a Azenha do Mar.

 

Produtor:
Maria Isabel Pereira/ artesã

Materiais:
desperdícios de redes e fio de algodão

Cabides
O mar devolve aos pescadores materiais desgastados pela natureza, que possuindo uma beleza única são aproveitados.

 

Produtor:
Miguel Veiga / artesão

Materiais:
madeiras e boias que dão à costa + fio de nylon

ARTESÃOS

Rita Silvério Morais (Brejão)

Natural de Lisboa, estudou na Ar.Co e nas Caldas da Rainha, mas é no Brejão onde vive e fundou a sua Oficina do Barro. O seu trabalho abrange olaria, escultura, azulejaria, cerâmica figurativa e até mobiliário, com inspiração na cerâmica popular portuguesa e mediterrânica, na cerâmica arqueológica, na arte persa e islâmica. As suas peças são feitas artesanalmente, na roda de oleiro ou utilizando outras técnicas como a modelação, as lastras, a bola ou os rolos. Criou uma relação privilegiada com o lugar e com as pessoas

José Francisco Reis (V. N. Milfontes)

A sua alcunha vem do avô que tinha um forno comunitário na Zambujeira do Mar. Reformado, passa a maior parte dos seus dias no Porto do Canal, onde prepara as artes de pesca, sobretudo redes, para a embarcação Neco. Nos tempos livres faz exímias miniaturas de redes e sacos de macramé, que aprendeu durante o serviço militar. Faz ainda as redes de tresmalho, e tem prazer em ensinar a construção de uma rede, o coser a corda, o engaiar de uma boia ou fazer nós comuns da artes da pesca.

Januário Nobre (Azenha do Mar)

Januário é um dos pescadores mais novos em atividade no Porto da Azenha do Mar. Curioso e atento, tentou terminar uma garrafa forrada com nós de corda que tinha ficado por terminar por um tio seu. Terminou a garrafa e assim aprendeu a técnica. Essa, foi a primeira de muitas que seguiram, de diferente formatos e tamanhos, todas elas cobertas por pequenos nó coloridos que Januário faz com paciência e criatividade.

Inês Viana (Boavista dos Pinheiros)

Aprendeu com o último oleiro tradicional de Odemira e decidiu dar continuidade ao ofício.
Hoje tem a própria olaria juntamente com o seu marido Paulo, onde fabricam variadas peças de cerâmica utilitária e decorativa. Para além das peças produzidas com a tradicional roda de oleiro e forno de lenha, desenvolveram uma imagem própria de decoração/pintura cerâmica que diferencia o seu trabalho.

Luís Miguel Gonçalves dos Santos (Longueira)

Encontrou no mar a sua fonte de inspiração e é na costa alentejana que vai buscar o que as ondas trazem para terra, e que é a matéria-prima do seu trabalho. As suas peças juntam elementos naturais como cortiça, troncos e raízes, com o plástico dos aprestos da pesca, das boias, redes de nassas e cordas, gastos pelo sol e pelo mar. Esta procura pelos achados do mar levam-no constantemente ao convívio com outros pescadores, com o imaginário e o simbólico destas comunidades.

António Reis (Azenha do Mar)

Filho de pescador, artesão e curioso. Escaleira sabe o nome de todas as pedras, peixes, plantas, árvores e caminhos. Já reformou o barco mas continua com o bichinho da pesca e há dias que vai bem cedo, com a sua cana, tentar a sorte.
É da história da sua própria família que vem a ideia de fazer talheres de madeira — “porque antes não havia, eram muito caros”. Transformou a necessidade em arte e agora ocupa grande parte do seu tempo com colheres em madeira de Urze. Para além de colheres de todos os tamanhos faz utensílios para a “cozinha moderna” e aprestos de pesca por encomenda. Assim como as próprias ferramentas, faz todo o processo sozinho, desde a apanha da Urze até à sua conservação em contentores herméticos e sem luz. Conhece a madeira ao ponto de ler a orientação do sol nas suas diferentes tonalidades e aceita novos desafios com a mesma naturalidade que inventa novas peças.

Paulo Manuel da Silva (Entrada da Barca)

Paulo Silva é um homem de muitos ofícios. Recebeu formação de eletricista, faz serviços como carpinteiro, pedreiro — pode construir uma casa sozinho com as suas competências. Para além de habilidoso, tem também uma dedicação enorme às artes da pesca. Passa grande parte do seu tempo na Entrada da Barca, está sempre a construir algo com ou para os outros.
Coleciona boias, cordas, conchas e outras curiosidades que dão à costa. As boias decoram o seu alpendre no porto, envoltas em nós — o que os pescadores chamam engajar — conferindo a cada uma o seu cunho pessoal, de quem gosta de experimentar e relembrar ensinamentos de outros tempos.

Manuel Porfírio Inácio (Almograve)

Já pescou na Entrada da Barca, tem a embarcação na Lapa das Pombas, mas dedica-se principalmente a pescar à cana nas falésia de Almograve. Para além de pescador é habilidoso na arte da reciclagem. Transforma contentores em todo o tipo de recipientes, aplicando-lhes alças e pegas. Faz sacos e caixas com a rede das nassas — tudo pensado e feito ao pormenor. 
Tantas são as histórias que conta que é difícil perceber realidade e ficção, começando pela sua alcunha que vem dos tempos em que jogava futebol.

Maria de Jesus Oliveira Jesus
(Portas de Transval)

Aprendeu os lavores domésticos muito cedo, observando as outras mulheres e estudando o direito e o avesso das peças que lhe chegavam às mãos. Aprendeu sozinha e aperfeiçoa continuamente a arte do bordado, do crochet, do tricot, ajour e outras técnicas em que trabalha.
Ainda hoje não descansa enquanto não perceber como uma peça se faz.
É o seu espirito curioso e de marcar a diferença que caracteriza a sua atitude e valoriza o seu trabalho.

Célia Passos Teixeira (V.N. Milfontes)

Uma artesã que produz, em palma natural e tingida, diversos objetos de uso doméstico ou decorativo. Conhecida pelos animais que faz, como borboletas, gafanhotos ou peixes, a sua estética é facilmente reconhecida.
Usa técnicas de empreita, origami e macramé para construir os seus objetos.
Possui um espírito que desafia a sua criatividade no dia-a-dia do seu atelier, procurando sempre a criação de peças novas inspiradas no território do concelho de Odemira.

Maria Baptista Gonçalves (Azenha do Mar)

Na sua família todos trabalham para a pesca. Maria ajuda a iscar os aparelhos que o genro e o neto levam no seu barco. Soube em tempos remendar as redes que o seu marido levava para o mar. Assim como as outras moças da sua idade, aprendeu a costurar, bordar e a fazer croché. Sempre foi ela que fez a roupa para a família, para os dias mais quentes e para as noites frias em alto mar. Hoje continua a fazer croché e tricot, principalmente os quentes gorros de lã.

António Canelas (Zambujeira do Mar)

Foi armador no Algarve durante muito anos. Chegou a pescar com alcatruzes de barro, mas a sua principal arte de pesca é a rede, que desde cedo aprendeu a fazer. Passou a maior parte do tempo em terra a preparar e entralhar as suas próprias redes, mas também a partilhar a sua arte com os outros. Perfecionista e cuidadoso não deixa escapar nenhum detalhe.

Maria Manuela Correia Figueirinha (S. Teotónio)

Decidiu levar mais além o que aprendeu com a tecelã holandesa Helena Loermans, o gosto pelo entrançar dos fios. Depois de uma formação pôs em prática o que aprendeu, produzindo peças funcionais e decorativas.
Gosta de aperfeiçoar os modelos conhecidos, recriando costuras ou alterando formas, utilizando sempre as técnicas dos lavores tradicionais como base do seu trabalho.
É a alma alentejana que a inspira, procurando motivos e cores, na natureza e na vida tranquila da região.

Maria Isabel Pereira
(Boavista dos Pinheiros)

Maria Isabel Pereira trabalha em renda que aplica em algodão ou linho e bainhas abertas, fabricando peças utilitárias de cariz tradicional.

CATÁLOGO

FICHA TÉCNICA

PROJETO PESCARTE

 

Promotor
CACO – Associação de Artesãos do Concelho de Odemira

 

Coordenação Geral
Paula Lourenço

 

Entidades Parceiras
Município de Odemira
Junta de Freguesia de Vila Nova de Milfontes
Junta de Freguesia de Longueira/Almograve
Junta de Freguesia de S. Teotónio

PRODUTOS

 

Coordenação
Álbio Nascimento
Susana António
(Fermenta – Design Social e Cultural)

 

Artesãos
António Canelas
António Reis
Célia Teixeira
Inês Viana
Januário Nobre
José Francisco Reis
Manuel Porfírio Inácio
Maria Baptista Gonçalves
Maria Isabel Pereira
Maria de Jesus Oliveira Jesus
Maria Manuela Figueirinha
Miguel dos Santos
Paulo Manuel da Silva
Rita Silvério Morais

 

Design de Produto
Álbio Nascimento
Carla Lopes
Kathi Stertzig
Susana António

 

Projeto Gráfico
Playground

 

Agradecimentos
Ana Escobar
Susana Gama

CATÁLOGO

 

Coordenação
Álbio Nascimento
Susana António





Textos temáticos
Cláudia Freire
Luís Martins





Design Gráfico

Playground

 

Fotografia de Produto
Fábio Mestrinho

 

© CACO 2015